Encerramos a Semana Santa com o Domingo de Páscoa, e te faço o seguinte questionamento: você viveu uma tradição ou você é tradicionalista? Existe uma grande diferença entre um ato e o outro, Oswald Jacob comenta que “a tradição liga o passado ao presente visando a construção de um futuro promissor”. Por este motivo somos chamados a viver os quarenta dias de penitencia e reflexão. Entretanto a quaresma deu espaço ao tradicionalismo que o autor afirma ser “uma busca desenfreada pela aparência, pela visibilidade”.
Na grande maioria das vezes as pessoas são tradicionalistas e vivem em um mercado ou em muitos casos em um grande baile de gala fazendo das igrejas grandes salões de festa. Alguns destes salões estão cheios de rococó, outros sem eira e nem beira, mas com um "simulacro de poder". E quem tem esse falso poder nestes salões? Aqueles que oferecem respostas para sua subjetividade.
Os fundamentalistas religiosos perderam espaço para uma nova versão do religioso/garoto propaganda carismático. Entenda por carisma aqui o dom de vender a ilusão de um falso Deus. Sim falso Deus, lembra que na bíblia se cultuavam bezerros de ouro, hoje se cultuam um Deus imaginário, psicodélico que cura os problemas sociais, psicológicos e emocionais, mas que não atinge a alma. Pois para que isso aconteça é necessário viver o Deus que fará seu julgamento após o apocalipse, o Senhor Supremo que da tradição que cobra que vivamos de forma escatológica. Cristo venceu a morte, porém não fugiu dela, pois sabia que tinha sido bom e justo como o Pai pede.
Os tradicionalistas aproveitam da fragilidade das pessoas para arrecadarem fundos e viverem bem no mundo carnal sem pensar no julgamento espiritual! Dai pergunto será que alguém que não teme a Deus realmente acredita nele? Será que os vendedores de ideologias espirituais não temem a volta do Salvador? Será que a modernidade matou o Deus que venceu a Cruz?
Perguntas essas que talvez não tenham sido feitas no seu período de penitencia: pois a moda é penitencias mesquinhas que remetem a pequenez do homem tipo: não comer isso ou aquilo enquanto muitos morrem de fome, não usar redes sociais enquanto se controla a vida do outro a todo momento e o faz de peça de xadrez, não tomar refrigerante enquanto muitos nem água tem para beber, isso porque não falei em água potável.
Concordo que viver escatologicamente em um mundo imediatista é difícil e que querer barganhar com Aquele que já tem tudo se torna algo impossível, mas creio que a tradição nunca será moda e que viver de forma a ser bom e justo é a maior barganha a ser feita. E digo mais se não expulsamos os tradicionalistas de nossas cátedras e quebrarmos os armários de fé carapuça das portas de nossas igrejas estaremos fadados a matar o mesmo Deus que renasceu após a morte de Cruz – para quem não sabe a morte na Cruz no período de Cristo era a pior humilhação que um mortal poderia sofrer, e o Redentor de braços abertos fez isso por mim e por você.
A fé tem que ser mais do que filantropia barata, ela deve ser mística. Devemos adorar ao Salvador que se faz presente na eucaristia. Devemos clamar por seus milagres e por suas curas quando Ele caminhar no meio do povo. Sim Cristo opera milagres. Porém busquemos a conversão e não a resposta para subjetividade pós moderna vendida em doses homeopáticas em cultos e celebrações apresentada por marketeiros que visam apenas o bem estar de seu bolso. Se você quer apenas soluções para sua subjetividade por meio de pagamentos busque um psicólogo e não alimente pessoas que não temem a Deus e fazem dos templos sagrados salões de festa.
Ostente sim a sua fé e lembre-se dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus, e o resto o Criador se incumbi de fazer.