segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Solidão um reino cinza

         
Era uma vez um reino chamado solidão, seus limites eram quase invisíveis. A única coisa que se sabia era que este reino fazia fronteiras com os reinos da razão que se localiza a sua direita e a da emoção esquerda. Seus limites eram guardados por ventos ferozes que anunciava a quem se aproxima que deveria abandonar toda a esperança se quisesse conhecer toda verdade capaz de criar razões dominadoras que se tornam verdades absolutas.
Certo dia o soberano deste reino cansado de olhar o céu cinza resolveu caminhar em direção aos limites da emoção e ao sentar-se sobre uma nuvem avistou ao longe um belo sorriso que emitia uma luz que quase o cegou.
Neste instante decidiu despir-se de toda sua glória de soberano e abriu os ventos com os estalar dos dedos e caminhou até aquele sorriso. Entretanto fora aquele brilho irradiante não existia nenhuma qualidade que pudesse seduzi-lo a voltar a descer de seu trono. Mas para seu espanto as almofadas de falar cativaram seus tímpanos de forma que passou a esperar sempre o termino de cinco dias para sair de seu pedestal e assim ouvir as idéias carregadas de sentimentos que já havia abandonado há anos desde quando conquistou seu reinado.
O soberano da solidão já não conseguia controlar nem mesmo as fortes tormentas que faziam a guarda de seu reino que insistiam que era um erro tal aproximação. Até que precisou lutar contra elas e as destruiu deixando suas fronteiras desprotegidas, nada mais importava a não ser ouvir aquelas palavras que esquentavam seu coração congelado pela falta de esperança.
O que não imaginava era que certa noite ao ser visitado em seu reino já sem guardiões iria sentir de encontro aos seus lábios azuis e gélidos o calor daqueles belos portais chamados lábios que de certa forma o destronou.
Um sonho que durou pouco tempo, agora já sem o calor que o aqueceu e sem seu trono, foi banido condenado a vagar entre os limites dos reinos da razão e da emoção.
Entre tantas batalhas cheias de derrotas e poucas vitórias o rei deixou de lado sua soberania, passou a mendigar migalhas no reino da emoção, porém se via obrigado a se banhar no rio das razões.
O brilho que o alimentou e descongelou seus lábios, derrubou muito mais os tornados que serviam de guardas, deixou-o cego, deixou mais irônico com a vida, o transformou em um cetro sem maestria sem função.
Mesmo com tansas dores, com tantas decepções certo dia quando se aproximou das fronteiras de seu reino notou que as muralhas novamente se faziam presentes então ouviu: Ó soberano da razão sem lógica e da lógica sem emoção dono de tudo que vaga nas cinzas do reino da solidão, deseja abandonar suas esperanças e regressar ao seu trono?
Ele então olhou para o horizonte forçou os olhos para tentar ver cor no reino da emoção, porém só avistou o cinza. Fechou os olhos respirou e falou ao coração, deseja voltar ao seu trono e abandonar novamente a esperança de acreditar no amor, ou preferes mendigar o amor do brilho que hoje já não te ama e não te seduz.
Sabiamente o coração em alto tom respondeu ao guardião da fronteira: Um homem não se mede pelos seus erros ou acertos, a esperança mesmo que abalada e menosprezada não deve ser fruto de barganha. Por este motivo abdiquei do meu trono cabe ao homem reconquistar o que foi seu desde que o traga felicidade! E saiba que entre reconquistar o vazio cinza de um reino e o brilho quente que me norteia prefiro navegar perdido no mar da emoção, com a esperança de pelo menos mais uma vez encontrar os lábios quentes que me mostraram este mundo.
O guardião cheio de ira soprou forte sobre aquele frágil homem e lhe disse: A vida sem vida é a perdição daquele que sonha em ter o que não lhe pertence. Se escolheu vagar no nada vivendo de migalhas saiba que a alma depois de despedaçada não se cola.
Já não sou mais teu soberano tendes o direito de me cortar com as palavras afiadas, mas saiba que o coração quando bate acredita que pode sobreviver mesmo que seja com migalhas.