sábado, 3 de maio de 2014

Por que necessitamos de heróis?


Os heróis são alter egos criados desde quando o mundo é mundo para explicar de formar lúdica a necessidade do ser humano de não se sentir sozinho.
Olhemos para o berço da civilização a Grécia, muitas pessoas fazem a leitura errada dos mitos. Eles na verdade são narrativas lúdicas que devem levar a reflexões, por exemplo, Pandora não deve ser vista como aquela que libera todas as pestes e pragas do mundo e sim como aquela que por curiosidade olha o superficial, as mazelas e condena tudo mesmo sem conhecer a fundo os fatos, ou seja, quando ela abriu a caixa esqueceu de olhar melhor e descobrir que a esperança estava lá escondida em um fundo falso.
Assim somos nós, fás de heróis, consumimos revistas (HQ ou MANGAS), cartoon, animes, livros, filmes entre outros vários produtos. Nossa indiferença com a realidade nos faz assimilar superficialmente suas ideologias sem notamos que elas existem.
 Tio San e A Estatua da Liberdade ao lado do ídolo de NY.
Analisamos por exemplo, o atual filme do Homem-Aranha - A Ameaça de Electro, nem preciso mencionar que o uniforme do mesmo remete as cores da bandeira Norte Americana (pois isso é nítido no dialogo que ele tem com sua tia ao alegar que manchou as roupas de azul e vermelho da ultima vez que tentou lava-las, pois estava lavando junto com a bandeira), o aracnídeo quando surge no primeiro filme é visto como um vilão pela sociedade, mas essa se rende a ele ao ver que ele luta para manter a ordem e a segurança de Nova Iorque, qualquer comparação com os EUA ser visto por muito como grande vilão global que no inicio assusta, mas depois assume uma postura de protetor é mera coincidência. Porém deixando de lado essa visão apocalíptica contra os americanos apontemos o caráter ideológico do filme.
O mesmo nos mostra duas visões de vilões: primeiro ele nos mostra aquela pessoa que idolatra alguém, não porque essa pessoa é boa, mas sim porque vive em um mundo cheio de luz (o centro das atenções). Max Dillon é um nerd, feio e ignorado, sem amigos, passa a se sentir importante, pois o herói o chama pelo nome e ainda diz que ele é importante. Aqui abro um parêntese para dizer: “o desprezo cria monstros incontroláveis”. O segundo vilão, aquele que para sobreviver é capaz de fazer qualquer coisa, até mesmo libertar uma “aberração”, o importante neste caso é conquistar o que se almeja independe de suas consequências.
Outro ponto relevante no filme é a traição, passada por geração, ou seja, primeiro o pai de Peter é traído por Osborn, depois o filho de Osborn acredita que Peter esta traindo sua amizade ao recusar conseguir o sangue do aranha.
Peter pensa na saúde do amigo e nas consequências que o seu sangue pode causar no amigo. Será que na atualidade agimos assim, pensamos no bem estar das pessoas ao nosso redor? Será que somos os dois vilões do filme em um único ser?Queremos as atenções para nós mesmo e o outro que se exploda, pois o importante é ocupar o lugar dele e deixar de ser sombra para ser luz custe o que custar!
Parafraseando o filme “acho que todo mundo esconde uma parte de si até de quem os ama”, essa parte pode ser, uma personalidade neurótica, psicopática, ninfomaníaca, um erro ou outros tantos defeitos que ocultamos. Ninguém sai gritando que é vilão, assim como ninguém sai dizendo que é ninfomaníaco. Todos escondemos segredos, alguns de nos mesmo por medo de ter que assumir realidades dolorosas.
“Adoramos” os heróis porque eles carregam nosso lúdico de “esperança”. Esperança essa também expressada na mitologia grega por meio de seus heróis. Os heróis gregos sempre lutaram contra as realidades predestinadas pelos Deuses, colocando em prática o livre arbítrio. No filme do aracnídeo a mocinha diz: “Ninguém toma as decisões por mim” e isso lhe custa caro.
Essa liberdade deve ser questionada: Será que a liberdade materialista e individualista de querer ter em vez de ser, não esta criando monstros sociais? Max era apenas uma pessoa ignorada pela corporação que buscava ser reconhecido, e que por um descuido, um acidente, uma imprudência se torna um ser afetado, mas só se torna um monstro depois que se desprezado pela sociedade. Quantos monstros não criamos por julgar?


Acreditamos sempre no bonitinho, aquele que age como heróis, no santo imaculado, com uma retorica bonitinha pois ele vai suprir nossa carência e ainda em alguns casos podemos usufruir de sua luz. Sem pensar que eles carregam uma mascara que pode ser pior que as nossas. No final o que importa é “acreditar nos heróis para escondermos nossas mazelas que nos tornam monstros sócias desperzados”.