quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Você é imoral ou amoral? Eu sou eu mesmo!!!

A sociedade anda cada vez mais imoral ou amoral, ou será que ambas as coisas significam a mesma coisa?
Na verdade, para compreender se existe distinção entre os termos necessitamos compreender o que é moral. De forma simples um sistema moral é aquele carregado de normas, doutrinas e tradições culturais, grande parte desses ditados pelos livros sagrados, como a Bíblia e o Alcorão. A moral está ligada a ética essa por vez, vai ditar os hábitos de uma comunidade (sociedade).
A moral não pode ser considerada como uma verdade absoluta, pois o que é moral para algumas comunidades pode não ser para outras, exemplo, para a comunidade cristã o infanticídio cometido pelos índios é considerado imoral, porém para os índios é uma tradição, sem dizer que para eles as normais morais cristãs não fazem parte de suas culturas (eles seriam amorais).
O ser amoral então é aquele que não tem noção e nem senso de moralidade, enquanto o imoral é aquele que mesmo sabendo que sua conduta contradiz as normas de convívio da comunidade na qual está inserido age com sua subjetividade e excesso de liberdade.
Os moralistas taxam como imoral geralmente as práticas sexuais fora da “normatização” criadas pela necessidade de se viver bem socialmente. Por exemplo, uma pessoa viciada em sexo pode ser/é taxada como imoral, pois o sexo deve ser uma pratica para reprodução humana e praticada após o casamento. Pensamento esse ultrapassado, uma vez que vivemos um movimento unilateral, em que os relacionamentos sobrevivem até o momento em são que satisfatórios e suportáveis, ou seja, um relacionamento liquido.
O sexo é algo normal, mas massificar essa normalidade seria decretar falência ao sistema moralista milenar que condena o ato fora do matrimonio. Pensamento retrogrado, não somos seres amorais que não tem senso do que é o sexo, e não podemos ser rotulados como imorais por ter uma conduta sexual ativa e prazerosa, pois os que mais atacam são os que mais praticam.
Mesmo sendo a favor das normais e das leis que devem nortear nossa convivência em comunidade, acredito que elas apenas deveriam nortear, orientar e não impedir, proibir e demonificar quem sente prazer em praticar. O ato não deve ser condenável a menos que seja visto como um troféu. Quando alguém seduz o outro, ilude com falsos galanteios como estar apaixonado, sentir carinho e até estar amando apenas para ter um momento prazeroso.  
A realidade é que a hipocrisia é uma fábrica de rótulos que classifica aqueles que invejamos e não temos coragem de imitar, seja porque devem dar  bons exemplos em público, seja porque alguns supostamente tem acesso a liberdade que outros não tem, seja por medo de ser um produto marcado com o logo indelével da imoralidade.

Eu sou imoral, amo sexo e não penso em casar e muito mesmo em procriar. Imoralidade para mim é fazer sexo sem camisinha, seduz para me sentir o máximo e até mesmo pagar pelo sexo com dinheiro que não é meu. Sou tipo o anti Cristo dos moralistas hipócritas. 

sexta-feira, 3 de junho de 2016

O Mercado da Fé

INTRODUÇÃO



O antropólogo polonês Zygmunt Bauman em suas obras comenta sobre a sociedade pós-moderna chamada por ele de sociedade líquida. Sua linha de pensamento defende que as pessoas não têm mais valores e que vivem a busca incessante pela subjetividade e coisas passageiras.


Desta forma, a religião que desde sua origem é dogmática tem se transformado em grandes consultórios psicológicos, que as pessoas buscam para se sentir bem e não ter um contato com o sagrado e com Deus.

Os sentimentos passaram a ser meros adjetivos e o sagrado esvaziado de sua mística. As pessoas estão mais preocupadas com a busca da cura interior do que com o sagrado, a fé para muitos é sinônimo de alienação.Essa alienação não é um ato isolado de uma única instituição.

As instituições estão se tornando grandes guarda roupas e neles nos vestimos com a fé que nos cabe naquele momento e devolvemos no final quando nos retiramos.

É notório que a busca pela subjetividade tem deixado o tradicional de lado para suprir as necessidades pessoais, mas até que ponto essa subjetividade é favorável? Será o homem um ser que não precisa realmente de Deus? Seria Deus um mercador que barganha com nossas vontades?

O homem light ao se distanciar da necessidade doutrinária e dogmática cria um novo mundo imaginário vazio da mística que envolve as religiões milenares.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Rubens. O que é religião. São Paulo:Ediçoes Loyola, 2014.
BARTH, Wilmar Luiz. O homem pos-moderno, a religião e a ética. Revista Teocomunicacão, número 155, p. 89-108, março de 2007. Porto Alegre. Disponível em 18 de janeiro de 2015.
BETIATO, Mario Antonio.Escatologia cristã: entre ameaças e a esperança, Curitiba: Vozes, 2006
DEL PRIORE, Mary.Conversas e histórias de mulheres.  1 ed. São Paulo: Planeta, 2013.
DOMENZI, Maria Cecilia.Religiões na história do Brasil. São Paulo: Paulinas, 2015 – Coleção temas de religiões.
DOMINGOS, Marilia de Franceschi Neto. Ensino Religioso e Estado Laico: uma lição de tolerância. Revista de Estudos da Religião, setembro de 2009. Disponível em 22 de dezembro de 2015.
ELIADE, Mircea.O sagrado e o profano: a essência da religião. Tradução Rogério Fernandes.  3a ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
FIORILLO, Marilia Pacheco.O Deus exilado: breve história de uma heresia. Rio de Janeiro: Civilizações Brasileira, 2008.
HAUPT, Heinz-Gerhard. Religião e nação na Europa no século XIX: algumas notas comparativas. Revista Estudos Avançados Número 22, 2008. Disponível em 22 de dezembro de 2015.
JUNIOR, Cesar A. Ranquetat. Laicidade, Laicismo e Secularização: definindo e esclarecendo conceitos. Revista Sociais e Humana, 2008. Disponível em: 08 de setembro de 2015
LO BIANCO, Ana Carolina e VIDAL, Natália.  Novas expressões da religiosidade: o que elas dizem sobre o sujeito em sociedade hoje. Revista Ágora, ano XVII, número 2, p. 177-186, jul/dez 2014. Rio de Janeiro. Disponível em 18 de janeiro de 2015.
PAPA BENTO XVI. Carta encíclica Deus Caritas Est. 11a ed. São Paulo: Paulinas, 2013.
PORTELLA, Rodrigo. Religião, Sensibilidade Religiosa e Pós-Moderna Da ciranda entre religião e secularização. Revista de Estudos da Religião N° 2, 2006. Disponível em 22 de dezembro de 2015
RANGEL, Otávio Monteiro. Religião: A fé como instrumento viabilizador de mudanças comportamentais. Revista Transformar. 2014, Ano 06. Disponível em 31 de janeiro de 2015

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Contracorrente: uma vida de medos

O ser humano nada mais é do que recipiente de valores, sentimentos e rótulos. O homem criou modos de classificar o que se sente, como se comportar, como viver moralmente, mas esqueceu de aprender que não pode existir normalidade em um mundo que  grita por equidade. Criou meios de não se questionar essa normalidade transcrevendo verdades absolutas e transcendentais.

Soprou-se vida onde só existia barro, moldou-se crenças para que não criticarem sua autenticidade . Fez com que o “certo” torna-se normal sem se pensar que na padronização se mata a subjetividade e que dentro deste recipiente explode um universo de ondas que carregam muitas vezes para um porto seguro construído em arreia.

Um espaço como Shopping Center que vende a falsa sensação de conforto e proteção. Uma auto afirmação de algo que não somos capazes de compreender.

Travamos batalhas sem soldados, sem cavalos, sem arco e flecha e pior sem inimigos. Lutamos contra valores impostos, rótulos exigidos e sentimentos alimentados pela incompreensão.

Nadamos contra maré do que deveria nos fazer feliz, mas o que nos faz realmente feliz? Sinto que somos grande lagos de água salgada que vaza em gotas homeopáticas para não ferir a realidade que não é real. Nos aprisionamos em zonas perdidas em um espaço carregado do mais inexorável ébano, que nos impede de enxergar a própria essência.

Não na verdade nos trancafiamos em mundos criados pelo medo. O pavor de se sentir desnudo cria a angustia, alimenta a necessidade de amores impossíveis e da solidão simulada como vacina.

Vivemos consumindo canções que dizem o que na verdade nem sabemos o que quer dizer ou que dizem o que não temos coragem de viver “Eu que teria vivido com você / Na sua estrangeira cidade / Sozinho com instinto de quem sabe amar / Sozinho, mas com você / Não posso mais me dividir entre você e o mar / Não posso mais ficar cansado de tanto esperar ...  Laura Pausini - Tra Te E Il Mare. Alimentamos sensações vividas pelos outros por medo de viver a nossas próprias.

Isso por receio de gritar o que somos, o que queremos e o que pretendemos. Nos mortificamos com laminas que na verdade apenas nos fazem sangrar onde homem nenhum é capaz de chegar, ou seja, vertemos na alma. Isso é se ela realmente existe e se não é parte de uma realidade irreal, mandatória de uma moralidade encubada pelo ética que rege a humanidade cada vez mais perdida de seus valores.

Prisões sem paredes cercam as chances de viver, de respirar e de ser feliz. Escrevemos paginas hipotéticas, para não transcrever nossas suplicas reais.

E a vida escrita ao longo dos anos nada mais é que anos perdidos que se aproximam de uma ruptura que talvez nunca vá acontecer. 


sábado, 26 de março de 2016

Tradição versus Tradicionalismo



Encerramos a Semana Santa com o Domingo de Páscoa, e te faço o seguinte questionamento: você viveu uma tradição ou você é tradicionalista? Existe uma grande diferença entre um ato e o outro, Oswald Jacob comenta que “a tradição liga o passado ao presente visando a construção de um futuro promissor”. Por este motivo somos chamados a viver os quarenta dias de penitencia e reflexão. Entretanto a quaresma deu espaço ao tradicionalismo que o autor afirma ser “uma busca desenfreada pela aparência, pela visibilidade”.

Na grande maioria das vezes as pessoas são tradicionalistas e vivem em um mercado ou em muitos casos em um grande baile de gala fazendo das igrejas grandes salões de festa. Alguns destes salões estão cheios de rococó, outros sem eira e nem beira, mas com um "simulacro de poder". E quem tem esse falso poder nestes salões? Aqueles que oferecem respostas para sua subjetividade.

Os fundamentalistas religiosos perderam espaço para uma nova versão do religioso/garoto propaganda carismático. Entenda por carisma aqui o dom de vender a ilusão de um falso Deus. Sim falso Deus, lembra que na bíblia se cultuavam bezerros de ouro, hoje se cultuam um Deus imaginário, psicodélico que cura os problemas sociais, psicológicos e emocionais, mas que não atinge a alma. Pois para que isso aconteça é necessário viver o Deus que fará seu julgamento após o apocalipse, o Senhor Supremo que da tradição que cobra que vivamos de forma escatológica. Cristo venceu a morte, porém não fugiu dela, pois sabia que tinha sido bom e justo como o Pai pede.

Os tradicionalistas aproveitam da fragilidade das pessoas para arrecadarem fundos e viverem bem no mundo carnal sem pensar no julgamento espiritual! Dai pergunto será que alguém que não teme a Deus realmente acredita nele? Será que os vendedores de ideologias espirituais não temem a volta do Salvador? Será que a modernidade matou o Deus que venceu a Cruz?

Perguntas essas que talvez não tenham sido feitas no seu período de penitencia: pois a moda é penitencias mesquinhas que remetem a pequenez do homem tipo: não comer isso ou aquilo enquanto muitos morrem de fome, não usar redes sociais enquanto se controla a vida do outro a todo momento e o faz de peça de xadrez, não tomar refrigerante enquanto muitos nem água tem para beber, isso porque não falei em água potável.

Concordo que viver escatologicamente em um mundo imediatista é difícil e que querer barganhar com Aquele que já tem tudo se torna algo impossível, mas creio que a tradição nunca será moda e que viver de forma a ser bom e justo é a maior barganha a ser feita. E digo mais se não expulsamos os tradicionalistas de nossas cátedras e quebrarmos os armários de fé carapuça das portas de nossas igrejas estaremos fadados a matar o mesmo Deus que renasceu após a morte de Cruz – para quem não sabe a morte na Cruz no período de Cristo era a pior humilhação que um mortal poderia sofrer, e o Redentor de braços abertos fez isso por mim e por você. 

A fé tem que ser mais do que filantropia barata, ela deve ser mística. Devemos adorar ao Salvador que se faz presente na eucaristia. Devemos clamar por seus milagres e por suas curas quando Ele caminhar no meio do povo. Sim Cristo opera milagres. Porém busquemos a conversão e não a resposta para subjetividade pós moderna vendida em doses homeopáticas em cultos e celebrações apresentada por marketeiros que visam apenas o bem estar de seu bolso. Se você quer apenas soluções para sua subjetividade por meio de pagamentos busque um psicólogo e não alimente pessoas que não temem a Deus e fazem dos templos sagrados salões de festa.

Ostente sim a sua fé e lembre-se dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus, e o resto o Criador se incumbi de fazer.