Às vezes me sinto tão imenso como o universo e tão solitário
como as estrelas.
É um vazio sem explicações, é uma carência sem motivos e uma
dependência sem vícios.
O coração toma as dores da razão e publica suas mágoas e
suas angústias como se tudo tivesse que ser notório.
Viver deixa de ser um ato de liberdade e torna-se um ato
melancólico, cheio de desprezo e amarguras.
Um tiro no escuro que acerta o próprio peito, que se tinge
de vermelho.
A solidão inexplicavelmente toma a forma de um dragão que
cospe sobre você realidades que cortam a pele como navalhas e ferem a alma como
o pecado incondicional.
E você se vê jogado em um chão frio, umedecido pelas
lagrimas da falta de amor, da falta de carinho e do medo da solidão. Um isolamento que congela
até mesmo a alma.
Você se sente como um feto que luta pela vida, que chuta,
bate, pula pela necessidade de se sentir visível no seio de uma sociedade
entregue aos corvos e aos predadores.
E você descobre que a solidão é a bebida do viciado, o alimento do esfomeado a
necessidade dos soberanos e adaga dos vilipendiados.