quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Minhas várias personas


Hoje no serviço, tive que fazer um texto onde a seguinte pergunta era o foco: “Eu procuro por mim?”

E parei para pensar, eu faço texto buscando reflexões das pessoas. E eu o que tenho feito da minha vida? Será que tenho agido com coerência? Será que me reconheço?

Lembro que em minha adolescência (há muito tempo) alguém me indicou um livro que falava de uma patologia chamada de “Síndrome de Peter Pan”, e como era mencionado na obra alguém que sofresse aquela mazela não conseguiria ler por completo todo conteúdo. De fato não consegui, mas o estranho é que embora eu tente viver uma persona jovem, carrego em mim sintomas de uma pessoa sistemática, ranzinza e que não combina com essa minha persona.

Se eu me reconheço, bem posso afirmar que não sou tão ingênuo como Narciso que se apaixona por si próprio, mas também não sou tão experto como Athena para ter sabedoria de lidar com as piores das situações.

Recentemente eu vivencio algumas decepções, mas essas só aconteceram porque eu criei outra persona, que busca sempre estar atenta a tudo para não ser considerado o “burro” da vez. No entanto tive que lidar com algumas situações criadas por esse medo de ser julgado, ou seja, atrai pessoas que não davam valor a meus esforços.

A vida é assim, muitas voltas e sempre novas personas, hoje um pierot, amanhã um intelectual, outro dia um alguém sofrido. Essas personas vão surgindo de acordo com as necessidades. Certa vez escutei de uma pessoa que nunca fala coisa com coisa, mas que às vezes solta algo que mexe com o seu eu interior, e em uma dessas ocasiões escutei: “Todos temos duas caras, nunca vamos ser sincero demais, pois a verdade pode doer no outro, mas que em você mesmo”

Se eu me procuro, bem diariamente me esbarro comigo mesmo, seja em situações de ira, de reflexão, de harmonia ou de silêncio. Pois só é possível se encontrar quando essa busca te leva à escuridão da alma e lá sozinho se faz um balanço de consciência.

Qual seria minha vocação hoje, bem não seria Moisés, pois minha coragem anda meio em baixa, não seria Abraão, já que não tenho nenhum cordeiro para ofertar e nem Jeremias, pois não sou um exemplo de orador.

Talvez amanhã eu decida qual vocação a mais correta a seguir, pois hoje meus olhos já estão mais pesados que a minha consciência.