A ASCENSÃO
DO ANIME: ANIMÊ VERSUS
CARTOON.
Kleber Rodrigues Cardozo
Projeto apresentado à disciplina
de Projeto de Pesquisa
em Rádio
e Televisão a Profª Laura M Barcha G. Del
APRESENTAÇÃO:
Acostumados com a cultura americana desde
o advento da televisão
no Brasil, sempre assistismo aos desenhos animados
americanos e muitas vezes
sentimos a necessidade de analisá-los para verificar os valores que
transmitem às crianças. Para
verificar quais
valores e de que
forma são
transmitidos.
Este estudo
procura por
meio das análises
do desenho Pica-Pau
e do animê¹ Os cavaleiros do zodíaco, mostrar a questão da violência nos desenhos.
“Os Cavaleiros
do Zodíaco” foi o responsável pela massificação
na década de 90, dos animês em todo Brasil,
quando era
transmitido na extinta Rede Manchete (atual Rede TV!)
que já
trabalhava há muito tempo
com o formato
super sentais².
A cultura
animê tem sido marginalizada e tachada de violenta,
críticas essas feitas
por pais
e adultos que
não têm conhecimento
das histórias e de suas
morais. Um
dos motivos desse preconceito
pode ser o fato
de que as culturas
quando são
massificadas acabam sendo mal
compreendidas.
Este trabalho
vai apresentar um
pouco da origem
dos animes (os mangás de onde são inspirados), suas
ideologias, e mostrar
que a violência
sempre esteve presente
nos desenhos
americanos, mas
que não
sofreram os mesmos preconceitos
que os animês. E que
a violência é encontrada em ambos os desenhos animados,
porém a contextualização é a grande diferença.
Por meio
de pesquisas bibliográficas como: revistas; sites;
artigos e livros
e de Os Cavaleiros do Zodíaco, tendo como autora principal
Rosália Duarte. Será mostrado que os animês são obras audiovisuais produzidos
em seu país de origem e que carrega ideologias na maioria das vezes não
compreendida.
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA.
Um dos males
da vida do homem
pós-moderno é a massificação cada vez mais rápida das
culturas. Acostumado às mensagens quase
em tempo
real disponibilizadas pelos meios
midiáticos, o homem na maioria das vezes
não busca
mais fazer pesquisas detalhadas sobre
o que lê
ou vê.
O sucesso
que as notícias
curtas fazem na sociedade atual
leva as pessoas
a julgamentos errôneos sobre muitos assuntos, isso porque é mais cômodo assimilar as notícias rápidas.
O grande
problema é quando
essas notícias vazias de conteúdos chegam ao mercado
e marginalizam uma cultura pelo simples fato de não ser estudada profundamente.
Esse pouco
caso acaba fazendo dos meios midiáticos um
propagador de preconceitos,
sendo a TV o meio mais
acessível na sociedade
pós-moderna, a grande vilã. E sobre este meio
existem várias discussões como: a TV deve se preocupar
em educar ou entreter? O fator se agrava
mais ainda
quando o assunto
envolve a criança!
A televisão
é um meio
de comunicação discutido por muitos professores nas salas
de aula, mas
o que pode prejudicar
a introdução a esse
ambiente é o fato
que alguns
adultos não
buscam estudar profundamente
os programas para
discutí-los.
A
TV hoje já
não é mais
vista como
a “babá eletrônica”,
porém uma pesquisa
realizada pelo Ipsos (O grupo Ipsos é um dos lideres globais no
fornecimento de pesquisas de marketing, propaganda, mídia, satisfação do
consumidor e pesquisa de opinião pública e social.) em dez países mostrou que
57% dos entrevistados (500 pessoas)
deixam os filhos assistirem à televisão pelo menos três horas diariamente. O que
mostra que
a TV foi e ainda é uma fonte
de informações, entretenimento
e de formação de valores
na criança, conforme
mostra a pesquisa
realizada pelo Grupo
de Pesquisa em
Educação e Mídia
(GRUPEM), veiculado ao Programa de Pós-Graduação em
Educação da PUC-Rio e publicada no livro “A televisão
pelo olhar das crianças” onde
a organizadora do livro afirma:
As crianças percebem que
a televisão coloca para
os telespectadores questões
relacionadas ao comportamento moral. Para elas, a televisão
tanto ensina
a fazer o certo,
quanto o errado, a ser
justo e também
a ser injusto
e cruel, mostra
o bem e também
o mal, ensina
a ter educação
e a ter respeito
pelos mais
velhos, ao mesmo
tempo em
que influência
muito a violência.
(Duarte, 2008, p. 104)
Não dá mais
para acreditar que as crianças
são pacificamente afetadas pela agulha hipodérmica, pois elas já são capazes de analisar a TV e ter algumas opiniões sobre esse meio
midíaticos como afirma:
as crianças relacionam informação, cultura
e entretenimento como
sendo os bens de consumo
mais importantes
a que têm acesso
por meio
da televisão e muitas acham que a televisão
deveria se empenhar em
melhorar a educação.
A referência ao que
aprendem através de programas
educativos é pequena,
mas a noção
do papel educativo
da televisão é bastante
significativa. Há quem
acredite ser possível,
por meio
da televisão, acabar,
ou pelo menos diminuir o impacto do analfabetismo no Brasil: A televisão
é muito importante
para a pessoa que não sabe ler e escrever. (Duarte, 2008 p.
133).
A TV, então,
não pode ser
encarada como um
inimigo mortal
das pessoas e, principalmente,
das crianças.
A maioria
dos adultos acredita que a TV trabalha
com temas
“idiotas” e que
as crianças não
são capazes
de distinguir o que
é “idiota” ou
não, mas
para a autora Itânia Maria Mota
Gomes esse é um
conceito errado: “que
a TV tenha programas idiotas, até a própria criança
percebe” (GOMES, [199-?], p.6).
O que
poderia talvez
mudar o conceito
de “TV idiotizante” mencionada por
Itânia Gomes, seria um bom estudo não só da TV, mas de todos os
meios midiáticos.
Usar dos meios
para educar ao mesmo tempo em que entreter seria o ideal.
Ver as crianças
não como
uma peça no campo
publicitário, mas
como o futuro
da nação.
No Brasil alguns municípios
notaram que podem ensinar
através das histórias
em quadrinhos, “em
2000, a Prefeitura de São Vicente trabalhou uma série
de quadrinhos contando a história de como os primeiros
portugueses povoaram a região” (Luyten,
2005, p. 116). Um grande
passo no tratamento
da educação infantil,
ou seja, se faz necessário
levar a informação
a elas de uma maneira
que possa agradá-las.
No Japão, há muito tempo,
essa preocupação de como
levar a informação
e os valores sociais
e culturais vem sendo trabalhada através
dos mangás e dos animês. Meios
midiáticos acessíveis para
o público infanto-juvenil
e que falam a linguagem
deles.
Para muitos,
os mangás são apenas
produtos massificados, que geram fontes
financeiras que
movimentam milhões, não
só no Japão, mas
no mundo todo.
Entretanto, não
analisamos a fonte de origem
destas obras, ou
seja, os mangás são produzidos para o público japonês e, por lógica, estão carregados de valores
morais daquele povo.
Para o povo
japonês, superheróis não são aqueles que têm
superpoderes, são pessoas
comuns que
lutam para alcançar todos os seus objetivos, que
possuem falhas humanas e também sofrem as consequências de seus
atos. Entre
os vários fatores
que diferenciam os desenhos
de heróis ocidentais
dos orientais, é que
em um
os vilões morrem e no outro eles apenas apanham e estão prontos
para novas maldades que
permanecerão em outros
capítulos ou
episódios.
É este
o ponto errôneo quando
falamos de assimilar culturas
em um
mundo globalizado, ou
seja, temos a tendência de criticar o que é novo e o que choca. A TV brasileira
desde seu
advento nos
leva a assimilar
a cultura norteamericana por meio de seus cartoons e desde então é assimilado uma cultura
que não é a regional, mas que acabou sendo aceita com naturalidade.
Esse fato faz com que vários
desenhos animados
produzidos nos Estados
Unidos e que fazem uso
da sátira a violência
como: a primeira fase
de Tom e Jerry, A turma
do Pernalonga, e o alvo dos críticos Pica-Pau.
Este é defendido por
seu criado
Walter Lantz que afirma: “ninguém sangra ou
morre nesse desenho animado.
Se alguém fica todo
furado voltará ao normal na última cena”
(FAUSARI, apud GOMES [199-?]). Por sorte muita das crianças
conseguem distinguir o que
é ficcional e o que é real, assim também pensa
Gomes ([199-?], p. 6) “do mesmo modo, da constatação de que
um programa
é violento não
decorre que a criança
que o assista tornar-se-á violenta. O que
se tem hoje, como
ponto definitivo,
é que a influência
da TV no comportamento agressivo da criança
é um tema
de controvérsia”.
Em pesquisa
realizada por alunos
de comunicação social
com habilitação
em Rádio
e TV apresentada em um
projeto de iniciação
científica realizado no ano de 2008, constatou se que
65% dos entrevistados eram favoráveis à atitude do Governo de
mutilar cenas
de animês, pois seria uma demonstração
de cuidado com
a formação psicológica
das crianças.
Os efeitos
que a TV tem sobre
os comportamentos infantis servem de questionamento para vários profissionais
sejam eles; psicólogos
ou comunicólogos. Um
desses questionamentos é se a criança
sabe ou não
distinguir o que
é real do que
ficcional, Duarte (2008, p. 162), nos dá
essa resposta: “as crianças
afirmaram com muita
convicção que
há dois tipos
de violência na tevê:
uma é "real”, aquela que está presente nos telejornais
e em programas
policiais, outra
é de “mentira”, a dos desenhos
animados, principalmente
os animês”.
De acordo com
Duarte (2008), pode-se notar que
para a criança
a violência mostrada nos telejornais
e nos programas
policiais é considerada “violência real”,
ou seja, a que
mais se aproxima das usadas nos desenhos americanos como
Pica-Pau, Pernalonga, Tom e Gerry entre
outros. Para
as crianças a violência
representada por raios
imaginários ou
poderes ocultos que
alguns superheróis ou
vilões tem são
consideradas “violência de mentira”.
ANIME
OU ANIMÊ, UMA EXPOSIÇÃO
DA CULTURA JAPONESA.
Anime ou
animê; derivação inglês
animation foi usado pela primeira vez na
década de 50; (Luyten, 2005, p. 32) é o nome dado a
todas as animações japonesas; mas no Japão animê é o nome
dado a todas as animações
independentemente de ser
japonesa ou não.
Tem como idealizador Tezuka Ossamu, responsável pelo sucesso do mangá. Ele
levou algumas de suas obras para a TV, entre elas Astro Boy, que foi o precursor dos
animês no mundo todo.
No Brasil, entre outros
sucessos do autor,
temos também “A princesa e o Cavaleiro”.
Na internet, os fãs
de animês apontam que a primeira animação
japonesa ocorreu no ano de 1958 com o curta
“Hakujaden” (A lenda da serpente branca),
mas historiadores afirmam que os primeiros
curtas metragens japoneses foram criados por
Seitaro Kitayama, em 1913, mas foi somente a partir de 1927 com
Yasuji Murata, que o Japão passou a usar o modelo americano
de 24 imagens por
segundo (Luyten, 2005, p. 30).
O Japão
ganhou o mundo há vários
anos com
grandes obras
que na época
chegaram a ser consideradas de alta
tecnologia, com
Godzilla criado no ano
de 1954, e anos depois
usando os mesmos efeitos
surge no ano de 1966, a saga de “Ultraman”. Nesse estilo
o Brasil assistiu a todas as sagas da família Ultra; ainda Jaspion; Jiraya; Laion Man; Robô
Gigante; Black Kamen Rider, entre outros. Geralmente divulgados pela
extinta TV Manchete.
Outro formato
das TV japonesas que conquistou o país foi os “super sentais” que
no começo chegava ao país em suas formas originais, como
Goggle V, Change Man, Mask Man e Flash
Man.
A partir do ano de
1993, a empresa americana
Saban passou a comprar os direitos
dos sentais e surge, então, a série Power Rangers,
primeiramente criada
a partir das imagens
do sentai Jyuranger (Esquadrão dinossauro). A distribuidora passa
a usar imagens
dos sentais originais adaptando as histórias aos padrões
americanos e vendendo-os diretos a outros
países. O sucesso
dos Power Rangers gerou outras adaptações que não renderam os mesmos
lucros à distribuidora. Apenas por caráter de curiosidade,
na versão original
do primeiro ano
da série, o esquadrão
era composto por quatro homens e uma mulher,
e no americano por
três homens
e duas mulheres, o que
dava para se notar nos uniformes.
Assim os animês fazem sucesso
mundialmente graças a seus traços e suas temáticas
e principalmente por
trabalhar como
se fossem uma novela, ou seja, seus episódios são entrelaçados e sequenciais, alguns
deles marcaram presença nas telas
brasileiras. Na década de 90 temos: Astro Boy; A
princesa e o cavaleiro; Fantomas, Speed Racer; Menino
Biônico; Don Drácula; Patrulha Estelar;
Akira e Zillion. Mas os animês nunca foram vistos
como um
gênero de grande
importância pelas TVs brasileiras. Eles são tratados como “tapa buracos”
na programação, e foi exatamente em
uma dessas lacunas em
que foi encaixado o maior
sucesso dos animês japoneses já divulgados no país.
Na
década de 90, com
uma parceria e sem
contrato de imediato,
foi ao ar na extinta
TV Manchete, “Os cavaleiros
do Zodíaco” do criador
Masami Kurumada. A princípio Seiya e seus amigos
conquistaram as grades da emissora atrás
de um acordo
publicitário para
vender seus bonecos, mas o sucesso foi tão
grande que
a emissora comprou os direitos da obra,
que foi na época
traduzida cheia de erros
de tradução.
Os
Cavaleiros do Zodíaco,
ou simplesmente
CDZ, como é conhecido
pelos “otakus”
(fazer nota roda pé), (conhecedores
fanáticos de um
determinado assunto
incomum, obtuso
ou complexo)
foram os responsável não só por elevar o IBOPE da emissora
a “uma média diária
de 7 pontos” (Revista Veja, 1994), como foram também
os responsáveis por
outro meio
midiático que
conquistou crianças, adolescentes, jovens
e alguns adultos,
as revistas voltadas para
a divulgação de animês, cinema,
HQ (fazer nota roda pé), mangás entre
outros produtos
direcionados ao mundo dos heróis.
Depois do sucesso
de CDZ que abriu as portas
para animação
japonesa no país, os brasileiros tiveram acesso
a outros animês como:
Shurato; Samurai
Warriors; Street Fighter V; As Guerreiras Mágicas
de Rayearth; Sailor Moon; Yu Yu Hakusho; Dragon Ball; Samurai
X; Digimon; Pokemom; Yu Gi Oh; Fullmetal Alchemist;
As meninas super poderosas (versão
animê); Naruto, entre outros que atualmente podem ser
assistidos pelo canal
por assinatura
Animatrix.
Os mangás
e os animês foram os responsáveis por divulgar ao mundo um Japão diferente daquele aristocrático e histórico,
que a população
mundial estava acostumada a ver.
Para mostrar que os animês são
uma forte fonte
de incentivo à leitura
e também uma fonte
de inspiração que
transmite valores morais
para as crianças
e não apenas
a violência, o desenho
Os Cavaleiros do Zodíaco
posteriormente será comparado ao desenho animado
do Pica-Pau. Uma vez
que o desenho
é tido como um
desenho que
não contém violência
aparentemente.
OS CAVALEIROS
DO ZODÍACO
Titulo: No original Saint Seiya em
português “Os Cavaleiros
do Zodíaco”.
Emissora: Extinta TV Manchete na década
de 90 e recentemente (buscar data) na TV Bandeirante.
Duração: 25 minutos
por episódio.
Criação de: Masami Kurumada.
Ano de criação:
1986
Protagonistas: Saori Kido (Deusa Atena),
Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun, Ikki, Aoilios (Cavaleiro
de Sagitário), Ares
(Cavaleiro de Gêmeos),
Kiki, Marin, Shina, Mestre Ancião (Cavaleiro
de Libra) e Mú de Áries
personagens principais
que aparecem na primeira
fase e têm destaque
ou são
mencionados em todas as sagas (fases).
Gênero: Animê
Número
de episódios: 114 episódios da série clássica (Santuário, Asgard e Poseidon) e 31 episódios
da Saga de Hades (Santuário, Inferno
e Elíseos)
Total
de Filmes: três curtas metragens
e dois longas metragens e uma nova temporada chamada The Lost Canvas (ainda em produção).
SINOPSE:
CAVALEIROS DO ZODÍACO.
Em uma visita
à Grécia, o milionário japonês
Mitsumasa Kido, recebe das mãos de Aiolos, cavaleiro
de Sagitário a armadura
de ouro de “Sagitário”
e também a reencarnação de Atena.
Mitsumasa é incumbido pelo cavaleiro
de guardar o segredo
sobre a reencarnação da pequena Deusa Atena e a assume como
sua neta,
e a batiza com o nome
de Saori. Para defender a
reencarnação de Atena, ele recruta cem garotos órfãos
e os manda para
variados lugares do mundo,
e espera que eles retornem como
cavaleiros de Atena.
Com a morte de
Mitsumasa Kido, Saori assume a Fundação
Graad e promove um grande
torneio entre
os dez órfãos
que conseguiram se tornar
cavaleiros de bronze.
Mas o torneio
é interrompido quando
Ikki (Cavaleiro de Fênix)
a mando do Ares
mestre do santuário
é incumbido de roubar a armadura
de ouro de sagitário.
Em meio
às batalhas para
reaver a armadura,
os cavaleiros de bronze
descobrem neta do Sr. Kido é a
re-encarnação da Deusa Atena que renasce
a cada duzentos anos
para defender a Terra, e que há treze
anos quase
fora morta
pelo Ares mestre do santuário,
que planeja dominar
o mundo.
Na primeira
saga, Seiya e seus
amigos enfrentam os cavaleiros
negros, os cavaleiros
de prata e os Cavaleiros
de Ouro no santuário
onde tem como
objetivo salvar
a vida de Atena, que
teve o peito acertado por uma flecha.
Na segunda
saga, eles
enfrentam os Cavaleiros deuses de Asgard, em
que o objetivo
é tirar o anel
de Nibelungo colocado no dedo de Hilda
de Polares, responsável
por orar ao Deus Odin, pedindo que
ele não
derreta as geleiras. Seiya e seus amigos têm
que conquistar
as sete safiras
de Odin guardadas pelos cavaleiros deuses
a tempo de salvar
Atena que com
seu cosmo
tentar evitar que as geleiras
derretam causando a inundação do mundo.
Na terceira
saga, eles
devem resgatar a Athena que
foi raptada por Julian Solo que a pede
em casamento.
Como Atena recusa o pedido
e ainda se coloca a favor
dos humanos Julian a prende no pilar central da lendária cidade
de Atlântida. Os cavaleiros de bronze têm que lutar contra o tempo, já que sob Atena
cai toda a chuva
que Poseidon queria jogar
sobre a terra.
Para salvar Saori eles terão que enfrentar os sete Generais Marinas.
Por fim
começa a guerra
santa quarta
e última, e dessa vez
os Cavaleiros de ouro
enfrentam os espectros de Hades e seus antigos amigos. Pandora ordena que
os cavaleiros renascidos levem a cabeça da Deusa a seu
mestre Hades. Entre
tantas batalhas eles
seguem para o inferno
para buscar Atena e salvar a Terra, que está se afundando nas trevas
com o eclipse
criado pelo Deus da Morte.
PICA-PAU
Títulos: Knock Knock (Pica Pau), The Woody Woodpecker Show
(O Pica-Pau e seus
Amigos), The New Woody Woodpecker (O novo show do Pica-Pau).
Emissora: Extinta TV Tupi, Rede Globo, SBT e atualmente
na Rede Record. Duração:
5 minutos por
episódio.
Criação de: Walter Lantz
Ano de criação:
1940
Protagonistas: Pica-Pau, Pé de Pano,
Zeca Urubu, Meany Ranheta e Leôncio.
Gênero: Desenho
animado
Número
de episódios: 243
SINOPSE:
PICA-PAU
Pica-Pau é um personagem
de desenho animado
que surgiu em
1940, como coadjuvante
no desenho Andy Panda
e sua família
em que
era visto
como um
pássaro louco.
Devido o tamanho
sucesso Walter Lantz acabou criando uma série de desenho
com o personagem
que desde
sua concepção
nunca foi visto
como herói.
Criado em uma época na qual a sátira à
violência era
frequentemente usada nos desenhos americanos,
o pequeno ser
antropomórfico (animal com corpo e características humanas) como
o próprio nome
já diz “Pica-Pau”
narra as confusões criadas e vividas pelo personagem principal.
ANÁLISE:
A análise
de comparação dos desenhos seguirá como base os dez mandamentos
da TV, formulados por pais, através
de uma pesquisa qualitativa
encomendada pela Ong Mídiativa.
De acordo
com os pais
que participaram da pesquisa,
um programa
para ser considerado bom deve: ser atraente; gerar curiosidade; confirmar valores; ter fantasia; não ser apelativo; gerar identificação; mostrar a realidade; despertar o senso crítico; incentivar a
autoestima e, principalmente, deve preparar para vida. Com base nos critérios levantados pelos país os desenhos Pica-Pau
e Os Cavaleiros do Zodíaco
serão confrontados.
A análise
não tem como
objetivo dizer
que um
desenho é melhor
que o outro
ou simplesmente
mais violento.
A análise buscará mostrar
que ambos
trabalham com a violência,
mas que
o pré-julgamento acaba marginalizando apenas
um.
O desenho
Pica-Pau se faz atraente
por vários
motivos: usa
uma linguagem infantil,
mostra ação,
gera competições e também o riso.
Também pode ser
considerado atraente por
abordar em muitos de seus episódios fábulas
já consagradas (como
de “Chapeuzinho Vermelho” e “Os três
porquinhos”) e temas que agradam aos adultos
como vizinhos
rabugentos e romances.
Em “Os cavaleiros
do zodíaco” que
para facilitar passaremos
a chamar de CDZ, podemos encontrar
ação, competições um
linguajar jovem
e o humor. As cores
vivas e a história
dividida em capítulos
seriados também
chama a atenção
dos telespectadores. Notamos que o que
diferencia um do outro
é o uso dos temas:
Pica-Pau se aproxima mais da realidade CDZ é mais ficcional.
O desenho
Pica-Pau não
atinge o critério de gerar
curiosidade. Isso
porque muitos
de seus episódios
abordam situações do dia-a-dia (como:
a vivência com
vizinhos e o pagamento
de aluguel) ou
fábulas já
consagradas e conhecidas pelo público.
E em CDZ se pode notar
o surgimento da curiosidade
pela cultura
grega, hindu
e nórdica. O que
faz com que
as crianças busquem conhecer
as lendas e os mitos
abordados no desenho (essa curiosidade gerada pelo
animê foi a responsável pelo
surgimento da revista
“Herói” na década
de 90, em seu
número 36 chegou a vender
450.000.00 exemplares “REVISTA VEJA”).
Ambos os desenhos
são produzidos com
o caráter de entreter,
mas em
CDZ o despertar da curiosidade
faz um diferencial que
leva as crianças
e os fãs em
geral a buscar
conhecimento.
O desenho
Pica-Pau trabalha
de uma forma muito
negativa os valores
na criança, mostrando seu personagem principal sempre se
dando bem em relação aos outros
personagens. No episódio
“Pica-Pau mata
gigante” em
que Pica-Pau
toma à força
o castelo do gigante
e ainda o transforma em seu empregado no final do
episódio, os valores
familiares também
são distorcidos no desenho
na maioria dos episódios
em que
seus sobrinhos
aparecem Pica-Pau, transfere sua responsabilidade
de ter que tomar conta dos sobrinhos, para o vigarista Zeca Urubu.
Em CDZ à todo
momento, os valores
são trabalhados como:
a compaixão e a amizade.
A família também
é trabalhada no desenho, como a preocupação
de Freya com as mudanças de comportamento de sua
irmã Hilda de Polares, de Ikki com seu irmão mais novo Shun e até mesmo pela incessante busca
de Seiya por Seika, sua
irmã mais velha.
A solidariedade da Deusa Athena com os humanos
ao se doar pela
humanidade em
vários momentos.
O principal
ponto negativo
da obra Pica-Pau
é a falta de valores
que o personagem
passa ao público,
tais como
falta de lealdade, de fraternidade, de responsabilidade.
Por se tratar
de uma história com
heróis, CDZ usa
da fantasia mesmo
que de uma forma
mais real.
Em outras palavras,
o sonho de ser
um superherói é trabalhado de uma maneira mais
realista pelos japoneses, onde qualquer um pode se tornar um herói e conquistar seus sonhos, basta ter força de vontade.
A mesma
fantasia não
é utilizada em Pica-Pau
que, na maioria
das vezes, narra o cotidiano
das pessoas, ou
seja, o desenho não
estimula as crianças a terem sonhos e muito menos a brincadeiras
saudáveis já
que na maioria
dos episódios o uso
de armas de fogo
pode estimular o mesmo
na vida real.
Talvez o fator
gerar fantasia
não tenha sido dos propósito
do desenho na sua
concepção.
Pica-Pau é um
desenho cuja
violência é apelativa,
ou seja, ela
é tratada como
cômica o que
agrada aos às adultos
e crianças. O uso
de dinamites pelo
personagem principal
e de armas de fogo
por outros
personagens para
causar risos
são freqüente.
Pode ser considerado apelativo
ainda por
expor outros
personagens ao ridículo,
explora a desgraça de outros
personagens e ainda
mostra o consumo
de cigarro como
no episódio “Pica-Pau
Mata Gigante”.
CDZ não
pode ser considerado apelativo
e mesmo que
faça uso da violência
essa não é gratuita.
“Os Cavaleiros do Zodíaco
também conseguem falar
de perto às crianças
pelo tipo de violência que mostra na tela.
As armas usadas não
são pistolas
a laser ou
canhões mirabolantes,
mas raios
de energia que
saem do corpo e são
capazes de promover,
por exemplo,
choque intergaláctico”. (REVISTA VEJA 1995)
Essa mesma
violência é questionada quase sempre pelo personagem Shun
de Andrômeda, que na sua fase de treinamento preferia apanhar
ao demonstrar sua
força verdadeira como
é mostrado na seguinte afirmação: (Shun)
“- Mestre eu
odeio os combates, não
quero machucar ninguém,
de fato eu
estava despertando para o cosmo
aos poucos enquanto
eu recebia se treinamento,
mas você sabe
que sou contra
tudo aquilo
que significa violência”.
(Episódio, 70 – “Durma em paz Shun”)
É possível
encontrar nas duas obras
audiovisuais uma identificação
com seus
personagens, seja ela,
em Leôncio, o vizinho
rabugento, ou
em Shun a pessoa
pacífica e gentil.
O que diferencia os desenhos
é a maneira em
que os personagens
são abordados e trabalhados, em Pica-Pau, por exemplo, os
personagens sempre
são estereotipados. Mas
ambos desenhos
nos fazem trabalhar
confrontos atuais
como, ter paciência com o
próximo (relações
entre vizinhos)
ou o tratamento
que se quer
dar aos órfãos,
incentivando a levar uma vida
normal e batalhar
pelos seus
ideais.
Quando o quesito
é mostrar a realidade
da forma que
os pais acreditam ser
o melhor para
seus filhos
Pica-Pau sabe trabalhar
melhor, ou
seja; para os pais
é importante que
não se crie um
mundo irreal;
e Pica-Pau trabalha
os conflitos entre
vizinhos mal
humorados, inquilinos inadimplentes e situações
do dia-a-dia. Enquanto
CDZ mostra a realidade
de uma maneira mais
ficcional, ou seja, tem como base a vida de pessoas
comuns, mas
mostra que
é ficção ao trabalhar
com a mitologia.
Para os pais,
o programa deve levar
seus filhos
a um senso
crítico e em
CDZ esse pré-requisito
é alcançado. O senso
crítico pode ser
apontado em episódios
que abordam outras culturas
e tradições, como
o fato narrado no episódio
“Bado e Shido, os gêmeos do destino” que mostra uma tradição
nórdica em
que quando
se nascia gêmeos uma das crianças trariam desgraça à
família e para
evitar era preciso sacrificar uma das crianças. O episódio
leva a criança
a analisar o valor
de uma vida. Já
Pica-Pau não
desperta senso critico nas crianças, uma vez
que o mesmo
utiliza a esperteza para
tirar vantagens
nos demais
personagens e no final
na maioria das vezes
leva a melhor
como no episódio:
“Caça ao Pica-Pau”
(ver o ano do
episódio) em
que a ave
destrói postes de telefonia
e ainda agride funcionários,
e no final acaba como
dono da rede
de telefonia.
Mesmo os desenhos
sendo feitos com
princípios de entreter
para os pais eles devem também
tratar a autoestima das crianças.
Pica-Pau neste requísito mostra personagens
estereotipados, como o malandro e o vizinho
rabugento ou
a mulher desesperadamente apaixonada no episódio “Pica-Pau
e o pé de feijão”
onde a princípio
a ave tenta
levantar a autoestima de Meany Ranheta,
dizendo que ela não precisa fazer papel de coadjuvante para ganhar o Oscar, e no final
se vê o desespero
da personagem para
casar com o filho do gigante.
CDZ respeita os valores
e as diferenças e ao não faz uso dos
estereótipos, e a autoestima é
trabalhada no desenho, por exemplo, nos diálogos que o personagem
Ikki de Fênix tem com
seus amigos
e irmão, exemplo,
no episódio, 88 “Harpa misteriosa, prelúdio tenta enviar Shun para morte”, em que Shun se questiona se a paz
nunca chegará mesmo
que ele
se esforce e Ikki por meio de seu cosmo responde: (Ikki) – Shun, não
há resposta! A única
coisa que
podemos fazer é confiar
no nosso futuro.
É muito difícil
eu sei, mas,
nada haverá de restar
se desistimos de tudo pensando deste jeito...”, ou através dos vários
momentos que
demonstra que todos
são capazes
de realizar milagres
em suas
vidas, como
no episódio “Viva a amizade! Longa vida lendários cavaleiros”,
em que
Seiya se lança contra
o pilar central
do Reino de Poseidon considerado indestrutível.
O desenho
animado Pica-Pau não
prepara ou
dá direcionamento mostrando opções de vida que levem algum
discernimento para
quem o assiste, por
um outro
lado o personagem
principal mostra
a necessidade de se ter
jogo de cintura
para lidar com certas ocasiões, entretanto
faz isso de forma
distorcida.
Todavia em
o animê CDZ busca mostrar
valores que
servem para se viver o dia – a – dia como: o apoio dos amigos; as crenças;
os problemas sociais
(o fato de os protagonistas
serem órfãos) e principalmente
a persistência em
seus ideais.
É uma tendência das histórias
japonesas trabalhar a autoestima e preparar
para a vida.
Seguindo os dez mandamentos
citados pela Ong. Midiativa, a obra audiovisual
que mais
se aproxima de ser considerado um
produto de qualidade
seria CDZ, já que
Pica-Pau não
atende aos seguintes requisitos: não
gera curiosidade; não
confirma valores; é apelativo
e usa a autoestima de forma
distorcida além de não
preparar para vida. Todavia
CDZ se faz atraente; gera curiosidade;
confirma valores; tem fantasia; gera identificação;
desperta senso crítico,
incentiva a autoestima e prepara a vida.
Dos dez mandamentos
se distancia somente do requisito
não ser apelativo, pois faz uso da violência
e do requisito mostrar
a realidade, pois é uma obra ficcional.
As músicas
ou trilhas
em ambos
os desenhos são
pontos marcantes
que fazem com
que seus
fãs logo
as conheçam. Porém em
Pica – Pau,
as trilhas servem apenas
de BG para os episódios,
enquanto que
em Cavalheiros,
além das trilhas
o forte fica mesmo
com seus
temas de abertura
e encerramento, com letras
que remetem uma reflexão.
Ex: Chikyuugi (na versão em português) “Não
vou esperar que
o mundo irá mudar
tão depressa
assim, a luz
dominar...”. A música
narra a importância de não desistir mesmo quando tudo parece estar perdido.
(Tema de abertura
da Saga de Hades/Santuário).
Os dois
desenhos estimulam competições em Pica – Pau notamos que
o personagem principal
vive criando competições com seu vizinho
Leôncio, como na competição em que ele e Leôncio competem para
ver quem
ganhará um ingresso
de Minie. Em CDZ as competições começam com a guerra galáctica, depois
fica meio que
de lado.
As competições de ambos os desenhos
são instrumentos
de reflexões mais
aprofundadas que não
cabem nessa análise.
Os desenhos
CDZ e Pica-Pau trabalham vários sentimentos
na criança e nos
telespectadores, Pica-Pau
enfatiza o fator entretenimento,
a “descontração” e o sentimento de alegria
se faz presente até
mesmo na risada
sarcástica da ave,
a satisfação também
é um ponto forte do desenho
mesmo que
seja ela trabalhada de maneira negativa.
Porém em
CDZ notamos vários sentimentos
como o da amizade,
(em quase
todo o desenho),
a raiva dos deuses
de se verem vencidos por seres normais (Filme o Prólogo
do Céu), a tristeza
(episódio em
que Hyoga mata
seu mestre
para se defender), saudades (momentos
diversos em
que Shunrei nos
cinco picos
de Rozam reza por Shiryu, ou Hyoga mergulhando no mar
da Sibéria para ver sua mãe) entre outros como compreensão,
fraternidade, etc.
A justiça
é algo quase
irreal nos
episódios de Pica-Pau,
uma vez que
o personagem principal
quase sempre
leva a melhor.
Como no episódio
“O afanador de gasolina” em que Pica-Pau furta combustível, agride o policial,
e mesmo depois
de mortos no céu
leva a melhor
sobre o policial
ganhando uma asa de anjo
maior. Em
CDZ, os cinco cavaleiros
de bronze estão sempre
lutando em prol
da justiça e pela
humanidade. Seiya quase
sempre faz uso
da flecha, da armadura
de sagitário (conhecida
como flecha
da justiça) para
salvar Saori e a humanidade.
Alguns conceitos
são trabalhados nos
desenhos e esses
fazem a diferença em
Pica-Pau, a felicidade
é apontada sempre que
a ave se dá bem,
mesmo se essa felicidade
for fruto de sua
malandragem, em
CDZ a felicidade se faz presente
de uma maneira mais
humana, como
no episódio em
que Shiryu volta
a enxergar nas 12 casas
do zodíaco (buscar dialogo e nome do episódio). O amor
é tratado de maneira
sarcástica em
Pica-Pau, como
no episódio “Pica-Pau
e o Pé de Feijão”,
em que
Meany Ranheta esquece de seus
problemas e corre apaixonada atrás do filho
do gigante, enquanto
esse foge apavorado.
Em CDZ, o amor
se aproxima da realidade, seja no amor fraternal
de Hyoga com sua
mãe, seja no amor
da Deusa Athena com os humanos, ou no amor de Shina por
Seiya cheio de conflitos
(rejeição).
No Pica-Pau,
várias cenas fazem o uso da violência,
onde podemos ver
o uso de explosivos,
de facas, de armas
de fogo, do fogo
como arma
e da injeção para
ferir entre outros atos de violência.
Em CDZ a violência
mesmo que
contextualizada não pode ser
considerada a mais correta;
a trama é ficcional. Mas mesmo como ficção ela faz uso da violência, o ponto forte fica no fato
que o uso
de armas são
proibidas pela Deusa Athena.
Um fator
importante que se destaca em ambos os desenhos é que eles não
trabalham com a lei
do mais forte.
Pica-Pau mostra
que o jogo
de cintura e malandragem
é superior a qualquer
inimigo maior
do que ele
e CDZ mostra que
não existe um
ser mais forte e que a força de vontade
e a fé são
fatores importantes
para se vencer na vida.
Uma outra
forma de violência
usada nos dois
desenhos é a violência
mental; Pica-Pau
sempre vence seu
vizinho Leôncio pelo
cansaço físico
e mental e em
CDZ a violência mental
é usada em diálogos
nos quais
os personagens tentam desarmar
emocionalmente seus
adversários, ex: na luta
Ikki contra o general
marina Kasa de Lymnades em que o general testa o
emocional do cavaleiro
de bronze ao assumir
a aparência de seu
irmão Shun.
Os desenhos
são enlatados e cada
qual, obedece a regras
culturais de seus países
de origem, e também
formatos diferentes,
um mostra
a malandragem de um
personagem central
e outro mostra
cinco heróis
que lutam para
salvar a humanidade
de Deuses invejosos
ou vingativos.
Então apontar
que um
é melhor ou
pior que
o outro seria um
grande erro, mesmo que Pica-Pau não se
enquadre no padrão dos dez mandamentos
para um bom programa de
TV, isso não
o transforma no vilão de TV, já que o mesmo em seu país de origem foi considerado politicamente incorreto, o erro está na hora de classificarem seus
horários de veiculação.
Erro esse que não é
cometido com os animês que para ter
classificação livre são
mutilados pela censura.
Um bom exemplo das
tesouras do governo foi a volta de CDZ, aos canais abertos, a TV Bandeirante só
conseguiu sair na frente pela compra dos diretos de exibição, porque se propôs
a veicular o animê após as 18 horas. Uma das exigências da empresa que
distribuía os diretos de imagens era que o animê não poderia sofrer cortes, o
que fez com que outras emissoras que transmitem suas grades infantis, no
horário matutino, se retirassem da disputa. Toda via em seu regresso a TV
aberta CDZ, teve apenas seus primeiros episódios exibidos na integra. O governo
por meio da portaria 1220/07 conseguiu mais uma vez mutilar um animê.
Esse fato demonstra como
evidentemente pré conceito, sobre as obras japonesas.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS.
Antes de mencionar
qualquer coisa
sobre a televisão
é preciso mostrar
que a TV é um
meio midiático
e esse na sua
essência carrega valores
financeiros bem maiores
que as funções
de informar e entreter.
Muitos têm uma visão
apocalíptica da TV e a coloca como um titã do mundo pós-moderno. A autora CHAUI (1985) coloca a televisão como
a grande responsável
por transformar
tudo em
entretenimento.
A autora carrega em seus ideais fatores negativos da televisão
que devem realmente
ser revistos, como, o fato
de transformar tudo
em um
grande simulacro. Isso pode prejudicar na educação
de algumas crianças que
ainda são
educadas diante à TV.
Os
adultos muitas vezes
questionam o fato de alguns desenhos
animados conterem cenas
que possam estimular
a violência na criança,
mas não
questionam quando um
telejornal divulga cenas
de violência em
horário livre. Todos sabemos que não existe censura no país,
mas deveria existir
ao menos o bom
senso.
O mesmo
bom senso
que ficou de fora
quando o Ministério
Público colocou em
vigor a portaria
1220/07 em que
se pode encontrar no 5º artigo:
Art. 5º. Não se sujeitam à
classificação indicativa no âmbito do Ministério
da Justiça as seguintes
obras audiovisuais:
I – programas jornalísticos
ou noticiosos;
II – programas esportivos;
III – programas ou
propagandas eleitorais;
e
IV – publicidade em
geral, incluídas as vinculadas à programação. (MINISTÉRIO
PÚBLICO, 2007, p.3)
Por que
o Ministério se preocupa tanto em usar suas “tesouras” nos desenhos japoneses e não
tem a mesma preocupação
com os telejornais
que as crianças
julgam ser violentos?
Apenas por citação entre
os desenhos mutilados pelo governo, temos a série Dragon Ball, que ficou for do
ar na Rede Globo, por um tempo para ter seu conteúdo readaptado para o horário
matutino e Fullmetal Alchemist, o
último que tinha um tempo médio de episódio de 24 minutos, tem episódios que
chegou a ter 17 minutos, graças às tesouras do Ministério Público.
Em quase
toda a análise comparativa,
notamos que o desenho
animado Pica-Pau
se mostrou impróprio diante aos dez mandamentos de qualidade
criados pelos
pais, mandamentos
esses que
se chocam nos quesitos
ter fantasia
e mostrar a realidade, ou seja, quase impossível trabalhar com os dois pré-requisitos ao mesmo
tempo.
A grande
pergunta é por
que desenhos
como Pica-Pau,
Pernalonga entre outros
desenhos norteamericanos não sofrem o peso
da tesoura do Ministério
Público e desenhos
Dragon B., Cavaleiros do Zodíaco, Naruto entre
outras obras japonesas têm cenas mutiladas?
A violência
faz parte de ambas as culturas, porém
muitos pais
cresceram assistindo aos desenhos americanos e desconhecem o teor
dos animês. Sendo assim, é mais fácil pré-
julgar os animês e concordar
com o Ministério
Público do que
buscar conhecer o conteúdo das obras
audiovisuais japonesas.
O que
acontece muitas vezes é o fato da descontextualização, ou
seja, os desenhos japoneses que são
julgados violentos para
nossos padrões
culturais, têm uma contextualização diferenciada da nossa
em seu
país de origem.
No Japão, os animês são produzidos
visando um público-alvo, como: sexo e idade e são
veiculados em horários
pré-determinados; já no Brasil, na maioria das vezes
são usados como
“tapa buracos”
nas programações.
Talvez essas preocupações
acabem quando os pais,
o Governo e os produtores
passarem a olhar as crianças
como “um
ser histórico
que produz cultura”
(MAGALHÃES, 2007, p.54).
O que
acontece é que os pais
desvalorizam a televisão e a coloca como um monstro diante
da educação de seus
filhos, mas
mesmo assim
deixa que
esse aparelho
eletrônico seja companheiro
inseparável de seus
filhos. Já
o Governo persegue a minoria e deixa
de lado os grandes
monstros televisivos, também conhecidos
por jornalismo
sensacionalista e os responsáveis por
esses programas
como mencionados acima
buscam muito mais
que entreter
e informar procura
valores financeiros alcançados somente com altos índices
no IBOPE.
Sem mencionar que o “conhecer é a busca do pleno entendimento. No entanto,
o pleno conhecimento
é dependente de uma realidade
conceitualizada por meio
de sua experiência
individual” (MAGALHÃES, 2007, p.45). Entretanto, muitas vezes
se esquece que cada
ser tem o direto
a sua própria
identidade e a prova
disso é a superproteção criada em volta das crianças. Não
se pode simplesmente deixá-las viver em um mundo cor de rosa onde não exista
violência alguma.
Os desenhos
frequentemente mostram o lado do bem e o do mal, e certas cenas acabam
sendo necessárias para demonstrar
esses valores.
A pesquisa
realizada pelo Grupo
de Pesquisa em
Educação e Mídia
(GRUPEM), veiculado ao Programa de Pós-Graduação em
Educação da PUC - Rio
nos mostra
que as crianças
não são
pacificamente afetadas pela agulha hipodérmica,
o que me
leva a afirmar
que não
podemos simplesmente achar
que a televisão
seja uma vilã na educação e na formação de valores
infantis.
Devemos fazer
uma triagem, analisar
profundamente os conteúdos
veiculados, mas não
deixando que os “direitos
psíquicos, que
se referem aos direitos intrínsecos da personalidade,
a integridade psíquica,
em que
se incluem a liberdade, a intimidade e o sigilo”
(BITTAR, apud BARBOSA, 1999, p. 34)
prejudiquem o individuo impondo uma censura
de superproteção e da ignorância por falta de conhecimento da cultura
japonesa.
REFERENCIAIS:
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e ficcional. LUYTEN (org), Cultura pop
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DUARTE, Rosália; MIGLIORA, Rita; LEITE,
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GOVERNO FEDERAL
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para entreter a televisão feita para as crianças.
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MIGLIORA, Rita;
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ROCHA, Raquel S; COTTA, Roberto R. M.;
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‘babá eletrônica’
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VEJA, Revista.
Saindo do inferno
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Apêndice:
CARDOZO, Kleber Rodrigues; SILVA,
Robson Marcelho. Censura: ato
de preservar ou
delimitar o direito
de escolha. In: Iniciação
Cientifica FATEA, 2008 Lorena. Anais... São Paulo: FATEA. (anais
número de pagina).